A tecnologia fez brilhar aos olhos do homem a possibilidade de estar em todos os lugares, conhecer diversas realidades, e a mais perigosa possibilidade de todas: saber de tudo.
No sábado, dia 29 de julho de 2017 as redes sociais receberam mais um elemento chave para a propagação de memes: Daiene, uma participante do quadro “Quem quer ser um milionário?” do programa Luciano Huck, na rede Globo.
O motivo de a jovem ser a nova estrela de piadas na web foi o fato de ela ter errado respostas a perguntas vistas por muitas pessoas como “fáceis”.
Isto provoca a reflexão sobre o comportamento das pessoas que julgam Daiene por não saber a capital do Estado Paraná, por exemplo, mas que, provavelmente ao se depararem com a pergunta sobre a capital do Ceará, também hesitariam, talvez pelo nervosismo de estar em uma rede de televisão ao vivo, por ter pouco tempo para lembrar, devido a intimidação de seus adversários, ou até mesmo por todas essas causas juntas.
A questão é que toda a formação de Daiene como Jornalista foi colocada em dúvida por conta do acontecido, e em uma sociedade virtual, este fato não deveria obter tanto peso, ao ponto de desqualificar a capacidade de uma profissional em formação, pois existem inúmeros aplicativos como “Novo Acordo Ortográfico”, “Macetes”, “Capitais do Brasil” ou até mesmo a Siri (para Iphone) prontos para download grátis, fornecendo informações de diversas naturezas instantaneamente, eliminando a necessidade de armazenamento de tantos dados na memória humana.
Assim, no admirável mundo da internet, a onisciência é totalmente palpável e até mesmo essencial. Porém, no mundo real, criatividade, pensamento lógico, respeito, inteligência emocional e compreensão com o próximo parecem ser indispensáveis para o desenvolvimento de uma sociedade melhor. Pois informações de conhecimentos gerais estão há alguns toques de distância, porém, bom relacionamento interpessoal, pro atividade, disciplina e talento são princípios que só a essência humana possibilita alcançar. Incluso no “pacote” da essência humana, há uma certeza que é real a cada indivíduo existente: a possibilidade de simplesmente não saber… Em apoio à jovem estudante de jornalismo e citando Paulo Freire, sobre a condição intrínseca de não saber todas as coisas: ”Não há saber mais ou saber menos, há saberes diferentes. ”
Portanto, força Daiene! Eu também não sei de tudo…
